Claudia Sender, Duda Kertész e Paula Mageste

Por Cynthia Almeida | Mulheres Incríveis

Embora à frente de duas indústrias totalmente diferentes, as presidentes da Johnson&Johnson Consumo Brasil, Maria Eduarda Kertész, a Duda, e da TAM Linhas Aéreas, Claudia Sender, não poderiam estar mais afinadas no pensamento sobre liderança feminina. Durante a palestra A Mulher, o Tempo e as Escolhas, que apresentaram esta manhã no evento CONARH, com a mediação da jornalista Paula Mageste, diretora de redação da revista CLAUDIA , as duas abordaram com propriedade e franqueza questões delicadas relativas ao peso (ou à pretendida leveza) do cargo e dos atributos femininos que, mesmo sem querer, marcam sua forma de agir e pensar no comando.

A respeito do impacto que assumir a presidência de grandes empresas pode ter, ambas contam que tiveram que aprender que não tinham todas as respostas. “Ao ser promovida e, de uma hora para outra me tornar chefe dos meus pares, achei que tinha a obrigação de saber mais do que eles”, disse Claudia. A humildade de reconhecer que isso não é verdade, é segundo ambas, uma vantagem do jeito feminino de liderar. “As mulheres não tem medo de ter uma postura humilde, de não ter todas as respostas ", afirmou. “Eu vim da área de marketing”, contou Duda, “ e achava que na indústria de consumo, nada era mais importante. Eu estava errada: não sabia nada de vendas, tão vital quanto marketing . Tive que reconhecer e pedir ajuda para aprender”.

Ao falar sobre a gestão do tempo e como isso impacta as duplas jornadas femininas, Duda,  mãe de dois filhos, diz que a conciliação só é possível porque conta com uma rede de ajuda, que vai da mãe “que importa da Bahia sempre que precisa” aos empregados domésticos. Mas fez questão de ressaltar que uma das suas funcionárias, a Maria Raimunda, que está na sua casa há quase 20 anos, também é mãe e não tem essa ajuda. “Ela não tem a mesma rede e para me ajudar a ter uma carreira, conta apenas com o auxílio de vizinhos e amigas. O estado e a sociedade não as ajudam como deveriam, e não podemos deixar de pensar nisso”.

Claudia Sender também abordou o acúmulo de papéis e destacou a necessidade urgente de mudança da mentalidade masculina. “É prioridade que os homens deixem de achar que devem ser os únicos provedores e, ao deixar de acreditar que esse é seu único papel, comecem a desempenhar melhor o de pais e maridos”. Sobre ajudar o avanço feminino nas carreiras e nas posições de liderança, ambas mencionam a necessidade de flexibilidade e ações afirmativas que, sem desrespeitar a meritocracia , possam diminuir a diferença entre o número de homens e mulheres no comando. Duda afirmou que, embora antes não pensasse assim, hoje acredita que a política de cotas é uma alternativa desejável: “Não sei se como estratégia permanente, mas hoje acredito que é importante, para forçar a mudança”. Claudia Sender alertou também para o perigo do auto-boicote, que muitas vezes prejudica mulheres que querem ser mães e desistem de uma posição maior antes de experimentar a conciliação dos papéis. “É importante vencer a culpa, superar a cobrança da sociedade e não desistir!

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Joni Mengaldo

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